A amputação do poder de agir do trabalhador ocorre quando ele começa a ser retraído, encolhido por sua
atividade de labor. "A fadiga, o desgaste violento, o estresse se
compreende tanto por aquilo que os trabalhadores não podem fazer, quanto por
aquilo que eles fazem". O que é exigido é
muito maior do aquilo que o trabalhador consegue realizar. Se uma determinada conduta é insólita, isso se deve ao sofrimento
subjetivo e às estratégias defensivas contra esse sofrimento. Por isso, é
importante compreender a constante interação entre a subjetividade e
objetividade, os problemas provenientes das dificuldades pessoais de cada
trabalhador e de suas relações interpessoais. A atividade não é apenas aquilo que se faz, existe nela um continente
oculto, onde está aquilo que se ainda deseja fazer, o que deve ser feito e
aquilo que o sujeito faz contra a sua própria vontade. A atividade em si é
maior do que a atividade realizada. O desgaste contínuo e a sobrecarga diminuem
a capacidade de agir do sujeito, tornando-o um sujeito tenso e deixando sua
atividade contaminada. O trabalhador vai ficando estreitado frente à atividade
que ele realiza.
Lana,
ResponderExcluirIsso é uma coisa que me preocupa de forma muito particular. Vejo cotidianamente pessoas insatisfeitas com suas atividades profissionais, e elas se sentem impotentes perante sua própria insatisfação. Nessa "modernidade líquida", citando Bauman, onde tudo escorre por entre os dedos, onde o "capital leve" navega despreocupado ao mesmo tempo em que suga o produtor/consumidor... Penso que a Psicologia tem pela frente uma grande empreitada, em que se depara com um mundo quase insustentável, de trabalhadores que perdem o sentido da prática que realizam, justamente por exercerem uma atividade pautada no imperativo do consumo, ou seja, é preciso exercer uma atividade para ter a licença para consumir. Do meu ponto de vista, o trabalho hoje funciona apenas como um meio que possibilita o consumo, este é seu sentido atual, às vezes implícito, é verdade. Parece não existir mais o prazer experimentando, por exemplo, pelo antigo artesão. Enfim, o trabalhador está realmente sendo amputado pouco-a-pouco, porque não sabe como não ser amputado, sabe apenas que precisa fazer aquilo para consumir algo que, às vezes, nem sabe para que serve.
Abraço.
Anderson
Anderson,
ResponderExcluirprimeiramente obrigado por sua contruibuição, e seja muito bem vindo! Concordo com você quando diz que a psicologia tem pela frente uma grande empreitada. Citando, Yves Clot, "é preciso desenvolver métodos que possibilitem aos trabalhadores desenvolverem sua capacidade de agir sob sua atividade,sob o meio, e sob si". O trabalho não perdeu sua centralidade, porém, a sociedade contemporânea tem exigido que se crie novos métodos de ação. É preciso resgatar o poder de agir dos sujeitos.
É sempre um imenso prazer tê-lo por aqui. Abraços!
Lana
eu nao li tudo ainda mas concordo com tudo, tenho amigos que sofrem assédio, aliás isso parece moda beijo gatinha.....
ResponderExcluirEsse Yves Clot é imbatível. Muito legal o que você escreveu,sempre empenhada com seus estudos. Bjs Laninha!
ResponderExcluirObrigado pelos cometários pessoal! É sempre um prazer ter vocês por aqui!!! Abraços
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